5 perguntas e respostas sobre doação de órgãos
Ainda que a morte seja um assunto complicado e incômodo para a maioria das pessoas, todos sabemos que, um dia, nós iremos partir. Estar preparado para este momento significa, também, ter em mente todas as decisões que seus familiares terão que tomar. Uma dessas decisões é um ato de generosidade que pode salvar vidas: a doação de órgãos e tecidos.
Este é um assunto que tem sido debatido cada vez mais junto a campanhas de doação, e isso tem surtido efeito; o número de doações aumentou significativamente nos últimos anos. No entanto, no Brasil, a quantidade de doadores ainda é pequena perante a demanda. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, a fila por um transplante chegou a 40 mil em 2019.
Essa, supostamente, é uma decisão individual de cada um, mas geralmente, por falta de informação e de consulta sobre os desejos do falecido, esta decisão acaba sendo responsabilidade dos familiares.
É preciso que os familiares entendam o processo para que aceitem com mais facilidade que o ente querido faça parte dessa corrente de generosidade. Por isso decidimos esclarecer dúvidas recorrentes que surgem com o tópico. Continue com a gente!
Casos passíveis de doação
Segundo a legislação brasileira, todo paciente com morte encefálica pode se tornar um doador (com a exceção de pacientes com HIV, tumores ou infecção generalizada).
Isso significa que o cérebro parou de funcionar, mas os aparelhos médicos mantêm o coração batendo e, consequentemente, os outros órgãos funcionando. A morte cerebral é comum em pacientes vítimas de AVCs, traumatismo craniano, paradas cardiorrespiratórias, entre outros.
Já quando falamos sobre a doação de tecidos, como córneas e pele, pacientes com outros tipos de mortes também podem se tornar doadores.
O principal motivo para o número de doadores ser tão baixo está no fato de este tipo de conversa ser um tabu e muitos familiares não conhecerem os desejos dos seus entes queridos. A partir da legislação brasileira, não existe nenhum documento que comprove a intenção de doar, essa passa a ser uma decisão da família.
Muitos familiares possuem dificuldade de entender o que significa ter uma morte encefálica, principalmente quando acontece tão repentinamente e a decisão deve ser tomada em um momento de dor e luto. Algumas pessoas acreditam que, pelo fato do coração continuar batendo, o ente ainda não faleceu.
Por isso, é importante ter uma conversa honesta e livre de preconceitos e tabus com os familiares.
Distribuição de órgãos
O Brasil possui um Sistema de Lista Única que leva em consideração o tempo de espera, a urgência do procedimento e a compatibilidade entre receptor e doador. Essa lista única compreende todo o país e é feita pelo SUS, ou seja, posição social e fatores econômicos não interferem na posição do receptor na lista.
É possível também fazer a doação para a ciência em diversas universidades pelo Brasil. Essa é uma forma de contribuir para pesquisas na área da saúde e aprimoramento de novas técnicas cirúrgicas. Neste caso, todos podem registrar esse desejo em cartório e definir para qual instituição será feita a doação; não cabe aos familiares tomar essa decisão.
Principais dúvidas
Quantas pessoas podem ser beneficiadas por uma doação?
Um doador saudável pode salvar a vida de mais dez pessoas. A doação engloba tanto os órgãos, quanto os tecidos. Fazem parte do grupo: coração, fígado, rins (2), pâncreas, pulmões (2), intestino, pele, ossos, córneas (2) e medula óssea.
Quais são os órgãos possíveis de doar ainda em vida?
Esse tipo de doação só compreende órgãos duplos, como rins e pulmões, e órgãos que podem ser fragmentados, como o fígado e a medula óssea. Este tipo de doação normalmente é realizada entre parentes e o doador pode escolher o receptor.
Como fica o corpo do doador?
O corpo do doador não irá apresentar nenhuma deformidade, os cirurgiões realizam a adequada reconstituição do corpo. O velório e o sepultamento podem ser realizados normalmente. A cirurgia de retirada de órgãos é consolidada há muitos anos e é semelhante às demais cirurgias.
Como se tornar um doador?
Como já dito aqui neste artigo, não existe nenhuma documentação oficial que possa validar a intenção de doação, essa decisão, oficialmente, é da família. Logo após a declaração de óbito, a família será informada sobre a possibilidade de fazer a doação, se eles concordarem, terão que assinar os documentos de autorização.
Existem, entretanto, iniciativas que fazem um cadastro de declaração de vontade de ser um doador, como o Adote (Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos). Lembramos, mais uma vez, que essa não é uma documentação oficial e portanto não possui nenhuma significância perante a legislação brasileira, mas muitas pessoas têm aderido a esse “cartão” para deixar claro para os familiares e autoridades do hospital o seu desejo.
A doação em vida pode gerar problemas permanentes de saúde?
Antes de qualquer operação são feitas diversas avaliações e exames e, caso seja compatível à doação, pressupõe-se que aconteça algum problema futuro. É claro que, mesmo em procedimentos cirúrgicos básicos, existem pequenos riscos.
No caso de doação de um dos rins, o sistema renal funciona adequadamente com a presença de apenas um rim. O fígado é um órgão com capacidade regenerativa, ou seja, apenas uma parte dele é retirado e depois de um tempo da cirurgia ele tende a voltar ao tamanho original.
A doação de pulmão normalmente é feita de um adulto para uma criança. Apenas um pequeno pedaço do pulmão é retirado e tanto o doador quanto o receptor podem levar uma vida normal (a menos que a profissão exija sobrecarga do órgão, como acontece com um atleta).
Em geral, esse é um procedimento cuidadoso e avançado, que não deixa grandes sequelas. Além disso, os familiares costumam se sentir confortados ao saber que, graças ao ente querido, outras pessoas ganharam vida.
Já parou para pensar que doar órgãos é literalmente salvar vidas? Manifeste o seu desejo, compartilhe esse pensamento e faça parte dessa corrente de solidariedade. A Pax Nacional apoia essa ideia.
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